Sabe por que algumas discussões sobre literatura ainda são polêmicas? Porque elas atingem dois ou mais lados precarizados no Brasil, de um lado educadores e do outro autores. 👇🏾👇🏾
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Pior que hoje em dia até tô desistindo de conversar sobre livros com qualquer pessoa principalmente as de 20/30 anos independente do tipo de literatura, até se inclusive for sobre a série/filme que a pessoa assiste ou que cursar.
Acho interessante a ideia de primeiro criar um hábito de leitura (mesmo sem grande qualidade) adequado ao gosto da criança/adolescente (minha filha adora mangás), para depois inserir as grandes obras. E aos poucos introduzir temas mais variados na leitura.
A realidade é que esse debate é pouco produtivo e estando em sala de aula a gente vê que o título vai ter pouquíssimo impacto sobre o gosto pela leitura. Um autor pop atual apresentado de qualquer jeito vai ter o mesmo impacto de um clássico.
Na prática, alunos de escola de elite continuam tendo o primeiro contato com Machado no oitavo ano e lendo com muita facilidade, enquanto alunos de escola precarizadas dificilmente dão conta da leitura de livros considerado "mais simples". 👇🏾
Também pq eles vem de realidades onde o contato com a própria literatura vem antes da escola em muitos casos, não só com a literatura mas eles tem possibilidade de experiência com artes. Dei uma aula numa dessas escolas e me assustei com essa disparidade
Meu filho está no 2° ano ensino fundamental. Escola pública. Biblioteca linda, funcionária especializada. Toda semana uma hora de aula e um livro para ler em casa. Ele já leu um tanto de clássicos literatura infantil. Um mundo de palavras e ilustrações. Que seja assim para todos.
É o caminho, tem uma disparidade muito grande quando falamos de Brasil, lembro que enquanto eu ganhei vários livros na escola de SP, ainda existe uma discussão de escolas darem uniforme aqui em Belém. É foda.
Desenvolvo um projeto de literatura em escolas públicas, um clube do livro. Outra ponta desse projeto é uma ACCS na UFBA para formar professores capazes de usar a literatura como ferramenta pedagógica em suas disciplinas. O problema começa na concepção de letramento literário do MEC…
Nosso objetivo é trabalhar marcadores sociais da diferença por meio da literatura nas escolas públicas. Estamos agora em busca de diversificar o formato (HQ, infanto-juvenil) para encantar os demais alunos que não foram seduzidos por Conceicao Evaristo e Itamar Veira Jr rsrs, mas que entendemos que.
São muitas as questões que podem ser levantadas em torno do problema. O que eu sei é que… se motivados a ler, eles leem. É preciso estar em diálogo com eles para entender o que os interessa e começar por esse vínculo com o interesse e depois ir apresentando outros caminhos.
Que trata literatura de forma transversal e vaga em seus programas… transformando a literatura, quando aparece, em um processo mecânico. Depois temos a formação dos professores, eles próprios não são leitores… depois o acesso aos livros… estamos buscando pesquisar a formação de leitores literários
E como isso reflete na formação intelectual dos sujeitos, pois como eles não tem hábito de leitura, encontram muitos problemas para se adaptar a carga de leitura acadêmica na universidade… é um problema que nos parece mais extenso do que se imagina…
É sobre ler Machado e promover um país que seja produtor de outras artes, para que novas Conceição Evaristo, Elisa Lucinda, Fábio Kabral, Itamar possam nascer e que bom que a Margareth tá fazendo um trabalho excepcional no MinC. Abraços
Sei que existem inúmeras questões pra resolver nas escolas e é injusto colocar nas costas dos professores os problemas como a falta do hábito de leitura que existe no país e aqui atinge a realidade dos autores. Por mais que pareça tudo lindo, existe uma dificuldade imensa de circulação de livros
E isso se materializa numa dificuldade extrema da existência de bibliotecas (muitas cidades do interior do Brasil nem tem livrarias) ou mesmo a contratação de autores em editoras, que se juntam em coletivos ou independentes pra tentar publicar baixa tiragem. Não sei se sabem a tiragem média no Br
Mas enfim, não somos um "país dos jovens que mais amam a literatura nacional que existe", inclusive esse foi um dos pontos que discutimos num painel da Bienal de Sp. Tem muita gente nova surgindo, mas e como fazer ele chegar? É por isso que nós (autores) nos preocupamos com o hábito de leitura ☺️
Queria viver nesse mundo onde tudo o que já está sendo feito, tá gerando um resultado maravilhoso, os livros mais vendidos no país não fosse o de coaching e auto ajuda, todo mundo estivesse problematizando a toa. Mas não é, então do lado de autor sempre vou fazer essa provocação.
Já vivi como professor (ensino médio e depois pós) então entendo o outro lado e não quero que sintam que estou culpando a educação pela baixa adesão a literatura nacional, mas estamos juntos discutindo como ampliar esse acesso e mudar a realidade.
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No fim vai ver o problema sou eu.
Quando é o que cursar, dizem que não gostam de ler que preferem ver um vídeo.
Enfim, virou espaço nichado.