Há anos eu adiava a ideia de reler todo "O Tempo e o Vento" com vagar e maturidade. Neste semissabático que estou fazendo a um oceano de distância do Rio Grande do Sul, resolvi ler direito. E caramba, o Erico Verissimo era MUITO craque.
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Eu não sei porque, mas eu sempre tive a impressão de que a obra do Érico não é bem abordada nas escolas brasileiras (aquelas pelo menos em que havia ensino de literatura no EM). O cara é muito genial, porém é subestimado e colocam ele em uma caixinha de "literatura regional".
Nunca li nada dele, mas essa semana peguei "Incidente em Antares" na biblioteca. Quanto a Saramago, é meu autor preferido. Já li várias vezes Ensaio sobre a Cegueira e Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Minha impressão é que o Erico Verissimo traduziu tanto romance policial que pegou a manha do ritmo (não tem uma palavra sobrando) e da construção de personagens (não tem herói). Quando eu era adolescente, o Capitão Rodrigo era como uma espécie de Zorro gaúcho. Mas ele é mais encrenqueiro que herói.
Quando eu soube que vínhamos morar em Münster, quis descobrir o máximo que pudesse sobre a cidade. Descobri que José Saramago escreveu uma peça de teatro sobre um episódio histórico em que a bancada evangélica tomou conta da cidade, em 1535, e foi o desastre que a gente imagina.
Por três anos, a bancada evangélica reprimiu seus oponentes e matou de fome seus apoiadores até ser derrotada pelo bispo católico (que não era flor que se cheirasse também). Estão penduradas no topo da igreja até hoje as gaiolas onde expuseram os restos do Malafaia, Edir Macedo e coach da época.
História é foda: um século depois, quando assinaram aqui a paz da Westfália e criaram o Estado-Nação moderno, a delegação católica ficou em Münster e a evangélica em Osnabruck. Aqui não tem nenhuma igreja neopentecostal. Em Osnabruck tem uma pertinho do trem.
Baita livro incrível e esquisito que li neste ano: "Time Shelter", de Giorgi Gospodinov. É uma ficção sobre um sujeito que abre uma clínica do tempo, inicialmente para pessoas com demência viverem nas épocas vigentes em suas mentes. Mas depois a ideia passa a ser adotada como um projeto político.
Gospodinov, o autor mesmo, acredita que estamos vivendo em sociedades que sofrem com sintomas semelhantes aos da demência - um presente ensanduichado entre um "déficit de futuro", pela falta de visões do que deverá vir, e um bufê livre do passado onde extremistas se lambuzam com seu molho predileto.
Vi essa sua dica aqui outro dia, comecei a ler, é incrível. Cheguei agora na parte 2, muito interessante como ele vai construindo a ideia dos "surtos" nacionalistas europeus como uma volta ao passado. Tô adorando
vi um filme sobre, há muitos anos. tava tentando achar (sou péssima pra nomes) o link que indiquei pra um sobrinho qdo passou uma temporada aí. é loucura demais
O tempo e o vento é uma das grandes obras da Literatura brasileira. Contribuiu pra minha formação de leitor: eu tinha 12 anos e descobri uma edição na casa dos meus avós. Comecei com Ana Terra, depois o Capitão Rodrigo e não parei mais.
Se você voltar para o primeiro romance dele, Clarissa, de 1933 já encontrará as características citadas. Os romances policiais podem ter aprimorado, mas esse é o estilo dele mesmo antes de se projetar com "Olhai os lírios do campo".
Ass. Maria Valéria, por causa dele.
Capitão Rodrigo ferrou tanto A Ana Terra que passei a ter raiva dele. Gosto do neto dele, também Rodrigo Cambará. Li no Kindle a alguns anos e reli no papel ano passado. Gosto de todos os livros e guardo um carinho as matriarcas da família e ao Fandango.
Li já se vão uns 25 anos via Biblioteca Popular da Tijuca (um viva para as Bibliotecas de bairro do RJ). Para mim toda a saga em 7 livros continua sendo a melhor experiência literária em língua portuguesa que tive contato.
Pior que eu tô muito me coçando pra reler. Li Continente por mando do colégio e Retrato por conta própria, mas nunca li o Arquipélago, tão todos na minha lista pro ano que vem.
Curioso pra saber como ele flui como adulto e não como adolescente.
Eu só imagino. Depois de anos lendo muito pouco, esses últimos dois anos voltei a ativa, então todos esses clássicos voltaram a lista pra uma segunda chance.
Nas personagens mulheres, vi a minha mãe e as minhas avós, de cujas vidas soube pelos relatos da primeira. Minha mãe nunca leu Érico Veríssimo. Por isso, fiquei de boca aberta com a coincidência entre os relatos dela e os de Érico no Continente. Lindo e emocionante.
Li apenas o primeiro volume de "O continente", muito tempo atrás, e prometi a mim mesmo ler a obra inteira. Acho impressionantes no Erico a fluidez e a naturalidade com que ele mistura a ficção com a História.
Eu também tinha parado no Continente. O Retrato e O Arquipélago são praticamente outra obra, com alguns personagens em comum. O Arquipélago é lindamente filosófico.
Evidente que ñ renego o trabalho jornalistico e de atualidadee que é publicado no Blue, mas a maior parte se resume em duplicar, triplicar, quintuplicar matérias de conhecimento comum. Então, quando aparece um publicação como essa sobre Veríssimo, ela se torna preponderante num cenário requentado.
Eu adoro tanto esses livros que fiz uma tatuagem sobre eles! Minha avó chegou a conhecer o Érico Veríssimo uma vez e ainda hoje tem uma cópia autografada da Clarissa. De longe meu autor preferido ❤️
Dos melhores livros/sagas/histórias da literatura brasileira de todos os tempos, em minha humilde opinião.
Todos os volumes são sensacionais, todos os personagens e tramas muito bem construídos. Amo.
Obra extraordinária! Li muito adulto. Deveria ser leitura colegial, fundamental para entender a formação do Brasil, por uma região dele que não deixa de ser metonímia do todo
Eu cheguei a comprar a edição impressa em três volumes, tinha na estante dos clássicos em São Paulo. Hoje está num depósito. Aí estou nesse semissabático e acabei comprando no Kindle até agora os quatro primeiros volumes originais (O Continente e O Retrato).
Vc está me tentando, viu! Vou reler Incidente em Antares, por enqto, pq lembro de ter gostado, mas não lembro mais da história. Seu entusiamo me contagiou. O dia que se vire pra ter 30 horas 😅
Estou lendo o primeiro grande sucesso dele, "Olhai os lírios do campo", de 1938. É um mergulho profundo na elaboração individual que o protagonista faz da pobreza que viveu na infância, com todas as consequências nefastas que essa condição lhe acarrera na vida adulta. Belíssimo!
"Clarissa" foi o primeiro livro que li na vida, ali pelos 10 anos. "Solo de Clarineta" I e II - as memórias de Érico Veríssimo são maravilhosos também.
Eu me lembro de cor de outros
Um lugar ao sol, música ao longe (esses eu acho que eram a continuação de Clarissa) nem
Tenho certeza de q estou falando certo
Eu adoro ler
Tó cheio de dedinhos para reler esse livro. Mas o que disseste é um empurrão para fazê-lo. É que estou a ler clássicos gaúchos, do início do século passado, para uma pesquisa... sei lá, tenho a sensação de Érico Veríssimo é bem recente.
Nessa faixa. Atualmente estou a "desbravar" "Contos Gauchescos" de Simões Lopes Neto, que é uma referência literária sobre o "gaúcho de lei". Já li uma coletânea de contos com Alcides Maya, Apolinário Porto Alegre, Roque Callage, por aí. Olha, é uma viagem fantástica.
Fiz isso com 'Olhai os Lírios do Campo' e, para mim, assim como vários livros de Érico Veríssimo, ele é atemporal, mesmo fazendo quase cem anos de sua publicação
Pra mim, ele é o maior do estado. Todo o universo que ele criou representa tão bem o povo gaúcho, até hoje a gente vê tão poucos autores com visibilidade que não caiam naquele marasmo de colônias italianas e alemãs.
Foi meu escritor preferido até eu descobrir Garcia Marquez e Saramago. Na adolescência, a escola mandou ler Olhai os lírios do campo e meu encantamento começou deste.
O Brasil precisa amar mais (e redescobrir) o pai Verissimo.
E depois de ler viajei em “Cem anos de solidão” de Gabo. Eu me permitia ficar traçando paralelos. Foi muito bom. A última boa leitura: “El ruído de las cosas al caer” de Juan Gabriel Vasquez, fiquei encantado.
De longe, Érico Veríssimo é meu autor brasileiro preferido. Também gosto de Machado, mas Érico me acompanha desde a infância. Sou fã do "Fantoches e outros contos".
O escritor "pintava com palavras", segundo o próprio Érico Veríssimo. Particularmente concordo com ele, principalmente quando ele descrevia um ambiente, seja ao ar livre ou dentro de casa.
Um livro encantador do Érico é "Clarissa". Li na adolescência e fiquei muito impactada, afetada por tanta beleza, e ainda hoje penso no mistério dos olhos de Clarissa.
Em janeiro eu comecei a reler e li o livro 1, mas acho que o 2 ficará pra o próximo janeiro, porque ele tem informação demais para a correria do dia a dia
Li a primeira vez qd tinha 14 anos, qd lançaram a minissérie com o Tarcísio Meira, reli durante a pandemia aos 49, realmente é incrível. Estou relendo, e recomendo, Solo de Clarineta.
Eu amo. Li há poucos anos, pq o sobrinho adolescente tinha lido um trecho de Ana Terra na escola e chegou falando sobre. Daí a família toda aderiu, meu pai releu, minha irmã e eu lemos pela primeira vez. Baita novelão maravilhoso.
Escreve demais. Outro dia amigo desencavou o texto que ele escreveu logo depois do Brasil ganhar a Copa de 94 (é do livro "América", que ele escreveu lá como correpondente) e não tem uma SÍLABA no texto que não seja primorosa.
Os angolanos conhecem muito mais do Brasil do que vice-versa. Arrisco dizer até que os que conheci têm uma visão mais matizada do Brasil do que muitos brasileiros.
Já vi uns pedaços no youtube há muitos anos. Acho que O Arquipelago ia dar muito certo tambem. O Retrato que deve ser mais dificil de adaptar porque tem muito aquela coisa da politia que é mais dificil de engajar. Mas numa serie bem feita pode ficar bom.
Meu primeiro livro adulto. Acho que na edição que li tava dividido em 7 livros. Amigos do RS que fui fazendo no caminho sempre se impressionam com o tanto que sei da história de sua terra e tudo através dessa preciosidade.
Na pós, o professor de Semiótica da Literatura disse que Érico Veríssimo não escrevia literatura. Eu o defendi com unhas e garras. Respeito ao “meu” Tempo e o Vento. Eu tive até uma boneca chamada Ana Terra.
Mas a pós foi incrível apesar desse professor. E a minha turma era muito bacana também e isso faz diferença. Teve várias tretas com esse professor e nos unimos.
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Vou salvar.
https://de.m.wikipedia.org/wiki/St._Lamberti_(M%C3%BCnster)
Ass. Maria Valéria, por causa dele.
Continua assim depois?
Faz um fio depois, plis
Curioso pra saber como ele flui como adulto e não como adolescente.
Todos os volumes são sensacionais, todos os personagens e tramas muito bem construídos. Amo.
Sexo, preconceito e violência gaudério style
Um lugar ao sol, música ao longe (esses eu acho que eram a continuação de Clarissa) nem
Tenho certeza de q estou falando certo
Eu adoro ler
Está pesquisando Dyonelio etc?
O Brasil precisa amar mais (e redescobrir) o pai Verissimo.
Foi um dos autores que moldou minha leitura e minha escrita.
Os livros dele são praticamente "filmes escritos".
Quem acha que o Luiz Fernando Veríssimo é só humorista precisa ler os romances dele, são INCRÍVEIS.